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UM TOQUE DE PECADO/Crítica – histórias desunidas

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Novo filme de Jia Zhang-ke aposta na violência ao contar as histórias de vida de quatro personagens, divididas em quatro segmentos frouxamente unidos. Um Toque de Pecado (Tian Zhu Ding, 2013) foi o vencedor do prêmio de melhor roteiro na última edição do Festival de Cannes e figura em várias listas de melhores filmes do ano

Wu Jiang em UM TOQUE DE PECADO (2013), de Jia Zhang-ke

Wu Jiang em UM TOQUE DE PECADO (2013), de Jia Zhang-ke

Um dos problemas de filmes contendo várias histórias independentes é que uma delas vai sempre ficar à frente das demais em qualidade. E, no caso de Um Toque de Pecado, de Jia Zhang-ke, isso acontece logo na primeira história, a de um sujeito, Dahai (Wu Jiang), que ousa enfrentar aquilo que ele julga estar errado na empresa em que trabalha. Para ele, é um absurdo o dono comprar um avião e viver em luxo enquanto a prometida divisão nos lucros não chega para ele nem para os seus colegas. Mas ninguém além dele consegue reclamar. E isso vai ter consequências muito grandes em sua vida e em outras também. Trata-se do segmento mais violento, e que lembra westerns e filmes de gângster, mas não quer dizer que os demais também não o sejam.

Esse primeiro segmento já apresenta uma China que é conhecida de ouvi falar, mas muito pouco de quem está longe: a de uma potência atual que lucra – e muito – com a mão de obra barata da grande maioria da população. Daí, a importância de filmes como este, por mais que estejam exagerando, ou não, nos retratos apresentados.

O segundo segmento conta a história de um sujeito que volta para o vilarejo onde mora a esposa e os filhos. Mas não por muito tempo. Ele vê a vida naquele local como sendo tediosa, como afirma em determinada cena. Para ele, viver perigosamente, atirar sem piedade nas pessoas para roubar, por exemplo, é muito mais interessante. É um momento em que o filme perde bastante da graça apresentada pela primeira e empolgante história.

A terceira história apresenta uma protagonista feminina: uma mulher que tem um caso com um homem casado e que sofre o julgamento da comunidade, tendo que arranjar trabalho como recepcionista em uma casa de massagem luxuosa. Nada de muito importante acontece, até o dia em que um cliente pede para que ela mesma faça a massagem. O final parece com filmes exploitation, com muito sangue e violência, o que ajuda o espectador a acordar, mas que pode deixar aqueles fãs de O Mundo (Shijie, 2004) um tanto decepcionados.

Tao Zhao em UM TOQUE DE PECADO (2013), de Jia Zhangke

Tao Zhao em UM TOQUE DE PECADO (2013), de Jia Zhangke

O filme termina com uma história que poderia ter sido mais envolvente no que se refere ao jovem protagonista, um rapaz que trabalha em uma fábrica e que foge de lá depois de um acidente com o colega. No trabalho em um hotel-bordel de luxo apaixona-se por uma das moças que lá trabalham.

Um Toque de Pecado é uma obra que apresenta histórias de perdedores, mas que também tem como objetivo, assim como os trabalhos anteriores de Jia Zhang-ke, apresentar a situação nada animadora da China atual. Em outros tempos, os filmes seriam proibidos no país, mas, até por repercutir mais em festivais e circuitos alternativos ao redor do mundo, eles parecem não incomodar muito os líderes políticos desse gigante econômico que é hoje a China. Além do mais, é sempre bom lembrar que os trabalhos do diretor têm uma sofisticação estética que os tornam mais do que simples filmes de protesto.

Ficha técnica

UM TOQUE DE PECADO
Tian Zhu Ding
China/Japão, 2013
Direção: Jia Zhang-ke
Elenco: Wu Jiang, Baoqiang Wang, Tao Zhao, Lanshan Luo,  Vivien Li, Jia-yi Zhang
133 min
Paris Filmes
14 anos

Veja o trailer

Clique aqui para assistir o vídeo inserido.

 

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